Dinho Nascimento
Nasceu em Salvador, Bahia, em 1951, onde aprendeu a tocar berimbau e percussão nas “rodas de capoeira” e “manifestações de rua”.
Estudou no Seminário Livre de Música da Universidade Federal da Bahia (de 1968 a 1971). Participou de festivais estudantis e, no início dos anos 70 profissionalizou-se músico integrando o Arembepe, um grupo de 4 jovens com estilo afro-rock, precursor do axé-music, com quem foi para o Rio, depois São Paulo, conheceu o mundo artístico, criou o berimbau elétrico, gravou dois compactos (disco com apenas duas faixas) e em 1977 abriu o show dos Novos Baianos, no Teatro Municipal de São Paulo.
Iniciou sua carreira solo já morando em São Paulo. Adepto das fusões rítmicas e da inclusão de novos timbres , o percussionista, compositor e cantor, capoeirista na essência, sempre acrescenta inovações à musica brasileira. Começou eletrificando o berimbau e utilizando-o como uma guitarra; depois, passou a usar um copo deslizando na corda de seu instrumento para conceber a melodia do blues e tocar o Hino Nacional Brasileiro; criou o berimbum, berimbau super grave com corda de contra-baixo; e, formou uma Orquestra de Berimbaus.
Sua obra e performance foi objeto da pesquisa publicada pelo Professor Eric Galm no livro “O Berimbau: Alma da Música Brasileira” (University of Mississippi Press, 2010) e no artigo “Tension and Tradition: Explorations of the Brazilian Berimbau by Naná Vasconcelos, Dinho Nascimento and Ramiro Musotto” (Luso Brazilian Review 48(1):79-99, 2012). Seu berimbum é citado na enciclopédia “Popular Music of the
World” publicada por Richard P. Graham e N. Scott Robinson em Ohio, USA (www.nscotrobinson.com.br).
Dinho Nascimento possui três CDs: BERIMBAU BLUES (que mereceu o X prêmio Sharp de Música em 1997), GONGOLÔ, lançado em 2000, dirigido por Ronaldo Rayol, e SER-HUM-MANO, lançado em 2006, dirigido por seu filho Aluá Nascimento, todos do selo independente Genteboa e distribuídos no Brasil, pela Tratore.
Assina a maioria das composições que interpreta e das releituras que faz, sobressai “Banana Boat”, um sucesso de Harry Belafonte da década de 50, e as consagradas “Trem das Onze” de Adoniran Barbosa e “Berimbau” de Vinícius de Moraes e Baden Powell.
Em “Berimbau Trance”, Dinho Nascimento interpreta uma “batida techno” utilizando apenas instrumentos primitivos, orgânicos e acústicos. Em “Índia Ginga”, o berimbau dialoga com o sitar indiano de Krucis. E “Saci Pererê tem uma perna só”, parceria com Lumumba, resgata esta figura lendária no ritmo coco-capoeira.
Sua música “Quero Mais É Viver” foi vencedora do Festival Banespa em 1992. O fonograma “Berimbau Blues” integra duas coletâneas francesas: a Novo Brasil Nova, da Rádio Nova Brasil, e a Postonove4, da Favela Chic (produção Wagram); “Baronesa” participa da coletânea Hawaianas, Vida do Paraíso, lançada no Japão em 2005; “Saci Pererê Tem Uma Perna Só” integra a coletânea Music in Motion, Mixed Museum Volkenkunde lançada em 2007 na Holanda, assim como integra a coletânea Espaço Mamberti de Cultura, Música na Comunidade Vol 5, lançada em 2009.
A musicalidade de Dinho Nascimento reflete sua admiração e identidade com a capoeira e, reciprocamente, o leva a ministrar oficinas e a participar de festivais, seminários, batizados e outros eventos. Destes, destaca a Orquestra de Berimbaus que dirigiu para o Espetáculo Étnico apresentado aos presidentes dos países participantes da XIX Reunião do Conselho do Mercado Comum do Mercosul, realizado em Florianópolis – SC (2000); workshop e apresentação de sua performance no Meeting Internacional de Capoeira de Faro, Portugal (2003), no 3° Encontro Nacional de Capoeira, em Santa Cruz de Cabrália, Bahia (2003), em Hamburgo e Stuttgart ( Alemanha) e em Londres (Reino Unido) (2006) e no Candeias Open Internacional, em Goiânia, Goiás (2009). Atualmente, a Orquestra de Berimbaus do Morro do Querosene, idealizada, coordenada e regida por Dinho Nascimento, tem reconhecimento nacional como Ponto de Cultura do Programa Cultura Viva do Ministério da Cultura.
Participou em diversos eventos internacionais: 6º e 7º Annual Samba Fest, Hartford, Connecticut, USA (2012, com o grupo mineiro Berimbrown, e em 2013, com a Orquestra de Berimbaus do Morro do Querosene); I Encontro das Culturas Negras, Salvador, BA (2012); FAN – 4º Festival Internacional de Arte Negra , Belo Horizonte MG (2007 e 2012); Festival Del Caribe, Santiago, Cuba (2007); PERCPAN – Festival de Percussão Panamericano, São Paulo, SP (2007); Festival “Brasil Tô Dentro, music+art+football”, Londres (2006); Copa da Cultura, Hamburg e Stutgard, Alemanha (2006); Festival Internacional de Blues Latino, São Paulo, SP (2005); Festival de Inverno de Bonito, MS (2004); Fórum Cultural Mundial, São Paulo, SP (2004); e, Mostra Internacional de Percussão “Ritmos da Terra”, Campinas, SP (2002).
No Morro do Querosene (Butantã, São Paulo), Dinho costuma ensinar os meninos a construir e tocar seus próprios berimbaus, dirige a Orquestra de Berimbaus do Morro do Querosene (Ponto de Cultura desde 2010), orienta o Treme Terra, coordena Rodas de Capoeira e Oficinas de Rua, organiza e participa de Festas Comunitárias e da Escola do Samba. O talento e a seriedade com que realiza estas atividades levou a Câmara Municipal de São Paulo a lhe conferir, em março de 2004, o título de Cidadão Paulistano. E em 2017 recebeu o prêmio “Mestre da Cultura Popular”, da Secretária da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, Edição Leandro Gomes de Barros.
Dinho Nascimento teve a oportunidade de acompanhar consagrados artistas da música brasileira, entre eles, João Donato, Tom Zé, Pena Branca e Xavantinho, Renato Teixeira, Inezita Barroso, Zé Ketti, Clementina de Jesus, Osvaldinho da Cuíca, Batatinha, Alcione, Marcos Suzano, Walter Franco, Flávio Venturini, Marlui Miranda, Tetê Spíndola, Bendegó, O Terço, Made in Brazil, Berimbrown, Vidal França, Renato Borghetti, Tião Carvalho, Toninho Carrasqueira, João Bá, Nasi e Lumumba. No cenário da música internacional, tocou com os instrumentistas Bill Close e Kewin Welch (EUA), Tim Winsey (Burkina Faso), Cheny Wa Gune (Moçambique) e, com a Frente 3 de Fevereiro, participou do Encontro de Agentes Culturais de Comunidades com Doudou Ndiaye Rose (2007).
Suas músicas já despertaram o interesse de renomados coreógrafos e dançarinos, como Maria Duschenes, Ioshi Morimoto, Clive Thompson, Klaus Viana, Lia Robato, Júlio Vilan, Pitanga, Célia Gouveia, Maria Mommenhson, Denilton Gomes, e Sônia Mota.
No cinema, “Berimbau Blues” serviu para sonorizar um trecho do documentário “Cine Mambembe – o cinema descobre o Brasil” de Laís Bodanzky e Luiz Bolognesi, além de inúmeros documentários para TV.
E na poesia, participou da solenidade “100 anos de Solano Trindade”, do tributo a Carlos Marighella realizado pelo “O Autor na Praça”, e do Sarau do Querô realizado pela Associação Cultural do Morro do Querosene em parceria com o Movimento Jovem Consciente. E musicou o espetáculo “Peabiru, o Caminho Suave”.
Dinho Nascimento defende a sustentabilidade e permacultura, sobretudo das áreas verdes das grande cidades. É um dos responsáveis pelo movimento em prol da criação do Parque da Fonte, em São Paulo, e costuma dizer “Água é essencial, Parque é fundamental”.